Uma vida sempre cheia de
energias. Um espírito cheio de luz, de vontade, de amor. Mesmo nas
contrariedades da vida, uma força vinda de um lugar inesperado estimulava o
jovem com espírito de um menino a se mover adiante. Murilo Medeiros da Silva,
20 anos, é um rapaz cheio de sonhos. E é daqueles que não deixa os sonhos
ficarem na imaginação. Ele os coloca em prática.
Para muitos, Murilo é daquelas
pessoas “metidas”. Mas, buscando na essência, ele é um verdadeiro interessado,
que não desiste fácil dos anseios.
- Eu sou metido. Sou assim por
aquilo que eu gosto, por aquilo que eu sei e pelo que não sei – é a frase dita,
sempre aos risos e brincadeiras, pelo “metido”.
Desde pequeno, a principal
característica do menino de família humilde, porém calorosa de amor, é a
curiosidade. Como se ele tivesse embutido na sua mente ainda prematura, na
época, que as conquistas só são obtidas se houver muito, mas muito esforço e
curiosidade.
As outras crianças tinham ciúmes dos
brinquedos. E não eram só as crianças. Os adultos também. Murilo admite, entre
palavras e risos, que era um garoto estilo “mexilhão”, conforme costumavam
dizer os avós, os pais, os tios das atuais gerações.
- Em alguns momentos, quando eu ia a algum lugar, portas eram
fechadas, casas esvaziadas e vozes anunciavam a minha chegada: lá vem o Murilo, cuidado com as coisas,
não deixem brincar com os meus brinquedos. Lembro-me
disso como se fosse hoje. Mas eu não guardo magoas nem ressentimentos (risos) –
disse ele em uma conversa informal.
Murilo nasceu num dia 30 de junho, em Tubarão, no Sul de
Santa Catarina. O ano foi 1992, depois de ser tão desejado, esperado. Mas a
cidade natal do garoto é Laguna, um pouco mais ao norte, mais precisamente no
bairro de Pescaria Brava – que alguns anos depois foi emancipado. A família, no
entanto, não imaginava que a espera traria alguém tão envolvente e, ao mesmo
tempo, envolvido. Com o tempo, o menino “mexilhão” mostrou que era alguém
especial, com um engajamento social fora do comum.
Momentos marcantes nesta vida tão jovem e, ao mesmo tempo tão
cheia de vivências, não faltaram. Mas a infância foi o período destinado para
os mais sábios e duros ensinamentos. Os primeiros anos na escola foram de muita
agitação e bagunça. Seguindo o perfil de menino elétrico que era em casa ou em
qualquer outro ambiente que se sentisse familiarizado – condição que dependia
de pouco –, Murilo era o aluno que mais se destacava na sala: ele era o mais elétrico da
sala.
Logo no primeiro ano do ensino
fundamental, em uma escola típica de interior, com poucas salas e muitos
conhecidos, o mais conhecido da turma era ele. Ele brigava, ele reclamava,
deixava as tarefas por fazer e respondia a professora. Se é que o método da
cadeira do pensamento era empregado, a professora já o havia gastado para
tentar educá-lo. Conversar com a mãe? Isso já não bastava mais. Até que, depois
de tantas travessuras na escola, levou uma surra da mãe na frente de todos os
amigos. Esta versão da história foi contada por ele mesmo, em mais uma conversa
entre amigos. A vergonha sentida e a sensação de lição aprendida o fizeram
mudar de comportamento. E a partir de então, tudo mudou – para melhor.
Desde sempre envolvido, metido.
Murilo não era “metido” somente
na vida pessoal ou na escola. Sempre foi um jovem muito espiritualizado; é
iluminado. O engajamento com a Igreja, por exemplo, também começou cedo. Ainda
bem pequeno já participava das missas, incentivado pelos pais. O tempo passou e
o envolvimento se tornou ainda maior. Catequizou-se e hoje catequiza também.
Tanto que, quando perguntam para ele sobre a religião dele, a resposta já está
na ponta da língua: “Sou católico, e bem
católico. Vivo intensamente a minha fé e a minha religião”.
O primeiro sonho era semelhante
ao de muitos garotos que frequentam a Igreja Católica: ser padre. Até hoje,
muitos amigos se questionam: Será que o
futuro do Murilo não é ser Padre? Mas ele crê que para isso dependeria de
um chamado de Deus, algo que ainda não tivera. Na sua concepção, para seguir o
caminho do sacerdócio o indivíduo precisa receber um chamado divino.
Os anos se passaram. As coisas
aconteceram rapidamente. E, aos 17 anos, no ano de 2009, Murilo concluiu o
Ensino Médio na Escola Jovem, em Tubarão. Os fortes vínculos com a política e
com a história tanto local quanto nacional e internacional, conduziram o rapaz,
enquanto recém-formado, a prestar vestibular para História na Unisul.
O sonho dele era lecionar,
expandir a cultura de várias partes do mundo para aqueles que se dispusessem a
aprendê-la. Mas, para surpresa de Murilo, e dos outros estudantes que também
foram aprovados para o curso, não tiveram alunos suficientes para completar uma
turma. A prova, por sua vez, acabou sendo invalidada. Foi quando o sexto
sentido falou mais alto e ele tentou, através de outros métodos avaliativos,
ingressar no Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, na
mesma instituição de ensino.
A “paixão” pela comunicação
surgiu ainda no período da Escola Jovem. Um sistema de rádio interno instalado
dentro do prédio, do Projeto Rádio Jovem, dependia apenas da vontade de
colocá-lo em funcionamento. Foi quando o “metido”, o “curioso” resolveu, mais
uma vez, dar o pontapé inicial. Ele estimulou os demais alunos a realizar
entrevistas, bate-papos, além de colocar músicas para divertir os momentos de
lazer dentro da escola.
Hoje, Murilo Medeiros da Silva, o
jovem curioso e metido, é formando de Jornalismo. É, também, Coordenador da
Pastoral da Juventude da Diocese de Tubarão, recentemente premiado na
Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina pelo trabalho desempenhado
no setor. Em razão deste destaque, é convidado constantemente para realizar
encontros, palestras e participar de eventos e seminários em diversos lugares.
Os dois mais recentes eventos que o jovem de 20 anos foi convidado a participar
foi o Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos, em Minas Gerais, e a
Jornada Mundial da Juventude, na Espanha, ambas no ano de 2011.
Ele aplica os conhecimentos de
comunicação nas atividades religiosas. Concilia as paixões. Vive as paixões. É
um eterno apaixonado pelo que faz. Por isso, mesmo diante das milhões de
atividades que realiza – desde trabalhar o dia todo, estudar à noite e se
dedicar às atividades da Igreja e Pastoral da Juventude – não há cansaço. Para
ele, prevalece a condição de que, quando você faz o que gosta, não trabalha
sequer um dia na vida. Murilo não trabalha, se apaixona mais e mais pelo que
faz.
Heloiza Abreu
Disciplina de Jornalismo de Autor
Professora Ana Paula Bandeira