segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tecendo os caminhos para a inclusão social

Dedicação: alunos e professores da APAE aprendem sempre juntos




Bem interessante: é assim que o estudante Roberto de Bem Zulian, 50 anos, da Escola Especial Renascer, a APAE de Garopaba, descreve a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que acontece de 21 a 28 de agosto. O evento é realizado pela Federação Nacional das APAES e viabiliza a inclusão social nos mais variados meios.
Em 2012, estima-se que pelo menos 11 estados brasileiros tenham programação especial ao longo destes sete dias. Entre as principais atividades da semana, que tem a temática “Em busca de igualdade. Estamos aqui!”, os alunos visitaram veículos de comunicação do município, estiveram em outras escolas, participaram de atividades esportivas e tiveram um dia da beleza.
Para Roberto, participar do evento é divertido, pois eles vivenciam experiências que saem do cotidiano no ambiente escolar. E ele adorou saber que iriam visitar as outras escolas.
- Nós queremos visitar as outras escolas. Eu gosto muito – diz, com um leve sorriso estampado no rosto.
Mas o que ele gosta mesmo é de fazer trabalhos manuais, reciclar papel e ajudar na horta da própria escola. Com os olhos concentrados nos pequenos rolinhos feitos de jornais, Roberto e outros colegas produzem porta guardanapos.
- É legal fazer trabalhos manuais, com papel reciclado e jornais. Nós fazemos porta guardanapos e depois damos de presente. A gente também faz tapetes, com retalhos. Fica tipo um mosaico – explicou.
Há cinco anos na instituição de ensino, a Pedagoga com especialização em Educação Especial, Simone da Cunha, 31, é uma das profissionais que auxiliam Roberto e os demais colegas nas aulas. E garante que o contato diário com eles supera a função de ensinar, pois é um aprendizado constante.
- Eu me sinto muito bem aqui. É muito gratificante estar no meio deles – comentou a professora.
Na Escola Especial Renascer são produzidos, além de porta guardanapos e os tapetes “tipo mosaico”, conforme denominou Roberto, papéis reciclado e muita alegria. E tudo isso é doado para quem os visita.


Programação recheada
Desde terça-feira, 21, tiveram uma programação variada, com atividades promovidas com o apoio de voluntários. Os três primeiros dias tiveram as temáticas “Dia do bem estar”, “Dia da gastronomia” e “Dia do esporte”. E até o dia 28 haverá mais momentos de recreação.


Sexta-feira, 24/agosto
Dia da Comunicação, com visitas aos veículos de comunicação do município e palestras.
Sábado, 25/agosto
Solenidade de entrega de um veículo novo doado pela Central do Dízimo - Pró Vida
Segunda-feira, 27/agosto
Dia da Convivência, com circuito de atividades e recepção de alunos de escolas do município.
Terça-feira, 28/agosto
Dia da Recreação, piquenique com os alunos na Praia Vermelha.




Heloiza Abreu
Matéria publicada na edição nº 18 do Jornal Impresso Catarinense.

Velha e doce história

Relíquia: último engenho de açúcar de Garopaba repassa a antiga cultura para as atuais gerações


Já se passaram mais de 150 anos que Francelino Batista iniciou as atividades num pequeno espaço construído de madeira antiga, daquelas bem resistentes, no alto do morro do Macacu. Era lá que funcionaria o engenho de açúcar considerado em 2012 o único seguidor da respectiva cultura em Garopaba.
Depois que faleceu, foi Manoel Francelino Batista, filho dele, quem deu continuidade ao trabalho. E hoje, é o neto de Francelino, Antônio Manoel Batista, aos 59 anos, o principal transmissor desta história para as gerações recentes, e que trata de ensiná-la aos seus filhos e netos.
Depois da temporada das fornadas de farinha de mandioca começa a produção de açúcar e derivados, em agosto. E é ai que Antônio e os filhos começam o trabalho de produção de caldo de cana, melado, açúcar e muitas outras delícias a partir da cana-de-açúcar.
Bem tapados os olhos dos dois fortes bois, escolhidos com precisão, é hora de Sr. Antônio dar o sinal para o gado girar ao redor da moenda e espremer a cana. O caldo passa por um filtro natural, feito de “barba de velho” e depois é levado para um enorme forno de cobre para ser fervido de fazer o melado. E a partir daí outras delícias são produzidas: o puxa-puxa e açúcar mascavo, por exemplo.
Toda a produção é realizada ao longo de um dia. Por isso a família escolhe os finais de semana, a começar nas sextas-feiras, para dar início ao trabalho, que para eles é uma verdadeira diversão.
- A minha tradição é a roça, desde o tempo do meu pai. É um prazer que tenho continuar vivendo e trabalhando aqui – ressalta o produtor.
Para preparar o açúcar mascavo demanda mais tempo, segundo Sr. Antônio. É preciso reservar o melado em balaios, durante cerca de dois meses, para que fique seco. Somente depois passará por outros procedimentos e será deixado pronto para consumo.
Não é o cansaço dos braços de Sr. Antônio, que cortou muita cana ou, até mesmo, sovou mandioca nas grandes fornadas de farinha nos mais de cinquenta anos de trabalho no engenho que o preocupam de verdade. É saber que quando ele largar a atividade, poucos se interessarão.
- Os meus filhos sabem fazer isso, mas o jeito de viver lá fora é mais fácil. A hora que eu largar isso pode acabar – lamenta.


Heloiza Abreu
Matéria publicada na edição nº 17 do Jornal Impresso Catarinense.

Sem espaço entre as sepulturas

Estreito: para passar entre os túmulos a opção é se apertar nos pequenos espaços ou, ainda, pisar em nas beiradas dos que podem suportar algum peso


Diferenças de tamanhos e modelos. Uns são revestidos de mármore, enquanto outros possuem simplesmente uma delimitação do espaço, feito por alguns poucos tijolos e cobertura de areia. Estes, mais simples, são dos mais antigos. Junto há, também, flores naturais ou artificiais. Mas o que mais chama atenção na composição do Cemitério Municipal de Garopaba é a falta de espaço entre os túmulos e consequente dificuldade para o trânsito de quem precisa entrar no local.
Conforme em qualquer outra história de fundação de municípios, o cemitério foi um dos primeiros espaços a serem construídos e em local bem centralizado. Porém, os anos se passaram e deixou-se de contar com uma pequena população na cidade. As mortes, por sua vez, também aumentaram. E o espaço para sepultamentos foi diminuindo, ocasionando na atual situação. Hoje não há espaço entre os túmulos. Quem lá entra, para ir de um lado a outro é preciso passar entre os pequenos espaços entre um e outro, ou, ainda, atropelar alguns.
A situação preocupa a população há anos. E isso fez com que autoridades se alertassem para o caso. Desde 2009 vêm sendo realizados estudos para a ampliação do espaço físico do cemitério. No mesmo ano, um projeto para cadastramento, adequação e revitalização foi elaborado pela Fundação de Apoio a Educação, Pesquisa e Extensão da Unisul, a Faepesul.
Entre os 4 604, 26 m² que comportavam 833 túmulos, segundo dados do projeto que tem três anos, 572 sepulcros foram identificados enquanto os outros 243 não. Destes últimos, determinada quantidade, não especificada no documento, não possuíam nomes para cadastros e outros tinham os nomes apagados, ou sequer possuíam dados nas sepulturas. Neste total, 816 pessoas foram cadastradas.

Dados coletados no Projeto de cadastramento, adequação e revitalização do Cemitério Municipal de Garopaba
Fonte: Faepesul

Total
%
Total cadastrado
833
100
Identificados
572
68,67
Não identificados
243
29,17
Cruzes (dos túmulos)
9
1,08
Vazio
1
0,12
Ilegível
8
0,96

                                                                
Nova área para ampliação
Diante estreito espaço no Cemitério Municipal de Garopaba, em março de 2011 a Secretaria de Planejamento Territorial e Meio Ambiente fez uma dotação orçamentária, de acordo com o Secretário Laércio da Silva, no valor de R$ 150 mil, para a aquisição de uma área para ampliação e reorganização do espaço. O terreno foi adquirido no mesmo ano e aguarda a realização do projeto.
- A minha ideia, fora do projeto que ainda não foi feito, é padronizar a altura e largura dos túmulos, mas cada família poder construir do seu jeito. Assim poderá ser construído um corredor e as ramificações. Mas isso é apenas uma ideia – salientou o secretário.
Ainda de acordo com o secretário, o cemitério deverá permanecer instalado no mesmo local. A nova área está situada no extremo sul do mesmo e vai facilitar a realização das melhorias. Caso não consigam adquirir outros terrenos arredores, Laércio afirma que será estudada outra alternativa de modo que haja a conservação do atual.



Heloiza Abreu
Matéria publicada na edição nº 16 do Jornal Impresso Catarinense.

Epidemia de cinomose é registrada em Garopaba

Doença: maioria dos casos acontecem com cães de rua. A prevenção é feita com vacinação

Pústulas na barriga e infecções oculares ou pulmonares são os sintomas iniciais que podem indicar contágio de cinomose. A doença infectocontagiosa começou com poucos casos no Centro de Garopaba, no final de 2011. Hoje, pouco mais de oito meses depois, já disseminou e matou quantidade incontável de cães. Para os veterinários, é considerada uma epidemia. E para os donos, a perda do bichinho amigo.
A maioria dos casos da doença, segundo o veterinário Carlos Eduardo Ghisleni, ocorre com os cães de rua. O contágio nos animais domésticos pode acontecer, principalmente, pelo costume que alguns donos têm de liberá-los dos cercados para passeios.
Com a baixa da imunidade do organismo do animal e sem a pontualidade na realização das vacinas, o contágio é facilitado. O Canine Distemper Vírus, que é causador da cinomose, age na célula do sistema nervoso central. E as reações são diversas. Os primeiros sintomas, de acordo com Ghisleni, são conjuntivite, pústulas na barriga e infecções pulmonares. Aos poucos os movimentos musculares ficam comprometidos e pode haver, inclusive, a perda de movimentos nervosos.
- Não dá para prever quanto tempo a doença age. O cão pode suportar de 20 a 60 dias, porque é uma evolução individual, então depende de cada caso – salienta o especialista.
A cinomose, entretanto, pode ter cura se diagnosticada de início e feito tratamento adequado. Ghisleni alerta que cerca de 40% dos casos podem ser curados. O cão pode apenas ter que conviver com algumas sequelas, sem possibilidade de disseminá-la. Mas a prevenção, segundo o veterinário, é a melhor alternativa.
- Se o cachorro estiver vacinado, a imunidade dele vai estar mais alta. Isso vai dificultar que ele seja contagiado. E ele pode até ter contato com algum infectado sem risco – explica.
A vacinação é o método utilizado para a prevenção. São três aplicações, a partir dos 45 dias de vida do animal de estimação. As doses devem ser repetidas a cada ano para garantir a estabilidade imunológica, de acordo com o veterinário.


O grande amigo que se foi
Há três anos Xauxau era o fiel amigo de Vanessa Rosa dos Santos. Mas há pouco mais de um mês o cachorro ativo passou a ter pus nos olhos, não comer e sequer levantar. Aos poucos foi emagrecendo e preocupando a dona. Até que foi levado ao veterinário e dado o diagnóstico: era cinomose.
Entre tratamentos e tentativas de reagir à doença, Xauxau teve mais cerca de um mês de vida. Presenciando o sofrimento, Vanessa percebeu que o sacrifício do cãozinho era a melhor alternativa. E garante que desconhecia a doença, por isso ele não havia sido vacinado.
- Ele não tinha a vacinação em dia. O veterinário alegou que por isso ele teve cinomose. Nós só tínhamos dado a primeira vacina – lamentou.




Heloiza Abreu
Matéria publicada na edição nº 15 do Jornal Impresso Catarinense.