Desde pequena, quando tive a
minha primeira perda – que acredito ter sido a minha bisavó que morava na nossa
casa, a avó Dolores – tento entender por que as pessoas morrem. Por que elas
nascem todo mundo sabe. Tudo bem, eu já acreditei na teoria da cegonha, mas
hoje sei que foi é só teoria mesmo. Mas por que elas morrem?
Minha mãe me ensinava que a
teoria religiosa da vida, reprodução e morte. Meus professores me ensinavam a
teoria que a biologia prega. E aí minha cabeça dava um nó. Tinha horas que eu
não queria entender. Só que o pior de tudo é que o tempo passou e a minha
cabeça permaneceu num nó.
Há poucos meses eu perdi um grande
ídolo: um tio querido que ia todos os dias na minha casa, tomava café da manhã comigo,
adorava conversar sobre tudo com a “sobrinha malcriada” (sim, era assim que ele
me chamava, porque eu falo o que eu penso) e, principalmente, tirar onda da
minha cara. Esse era o tio Beto. Mas até então, muitos parentes, amigos,
pessoas tão maravilhosas e próximas de mim já tinham partido. Hoje, no entanto,
com a notícia do falecimento de uma pessoa que tanto fez o bem aqui em
Garopaba, me questionei novamente sobre o porquê da morte.
O fato é que buscamos acreditar
que a morte seja uma passagem para um novo plano, para uma nova fase, para um
lugar onde não haja dor nem sofrimento. Neste lugar só se pratica o bem, só há
o bem. Enfim, que seja próximo de Deus ou de qualquer outra energia tão
maravilhosa que nos faça levitar – quando estou próxima de algo maravilhoso é
como se eu levitasse.
E aí eu chego a conclusão de que
só pessoas tão maravilhosas são capazes de chegar neste estágio. A minha bisavó
e o meu bisavó (avós paternos da minha mãe), a minha avó paterna, os meus
primos, os meus tios, os meus amigos e todas aquelas pessoas tão amadas que já se
foram.
Eu sou católica, nascida e
batizada nesta religião. Tenho vários outros sacramentos desta doutrina também.
Mas eu acredito em outras pregações, como a do espiritismo, que trata da
reencarnação. Só não vou entrar nestes detalhes, afinal já recebi ofensas e “homilias”
por alegar isso. Eu não tenho medo de admitir as minhas crenças, só evito alvoroços.
Mas, embora ainda seja confuso
entender o sentido da morte para mim, só espero ter a chance de ser tão
maravilhosa a ponto de chegar num lugar assim, espetacular. Espero ser recebida
por estas pérolas, as minhas preciosidades que estão em harmonia comigo através
do espírito.