terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Quirino Juvêncio Lopes: o codinome da política de Garopaba

Sr. Quirino e a esposa Dona Nilza
Três vezes prefeito de Garopaba, aos 86 anos Quirino Juvêncio Lopes vive com a esposa no tranquilo morro da Vigia, o extremo da Praia do Centro com o Oceano Atlântico. Adotou a pacata região como “terra mãe” após retornar dos trinta anos fora da cidade.

Libriano, nasceu em 27 de setembro de 1925, e possui as características do signo muito marcantes. Cheio de ideias e ideais, emite palavras certas no momento certo.
  
Durante a infância, Sr. Quirino, conforme é conhecido na cidade, saía da comunidade da Gamboa no extremo norte do município, aonde nasceu e viveu até os 15 anos, e vinha ao Centro aonde comprava selos para pagar os impostos do comércio que o pai tinha na época. E como não é para menos, “eu conheço toda esta antiga estrada, sempre acompanhando a linha do antigo telégrafo que tinha agência aqui em Garopaba”, conta.
  
A coletoria, aonde se dirigia nestas vindas, ficava no casarão construído com óleo de baleia localizado ao lado da Igreja Matriz. No mesmo lugar ficava, também, o cartório, aonde Sr. Quirino frisa “que ali eu fui registrado”. Se deslumbrando com a beleza inigualável da terra, diz que “a praia tinha ainda seus combros e era mais bonita que hoje. A Ponte da Sarafina, como chamam, na entrada no Centro Histórico era tudo mamonal”.
  
Durante a pesca da baleia Franca havia muita euforia na cidade. Lopes lembra-se que nas vindas nestas épocas “as vezes eu passava sacrifício porque tinham matado baleia e a fedentina aqui era muito forte. Eles matavam e iam tirando mesmo”.
  
Com bagagem proporcional à idade e lembranças de um garotão, falou sobre a extração baleeira.

- “Eu me lembro que um dia, antes dos meus 15 anos, eu fui pescar com meu tio pescar Tainhota, no Rio da Guarda, aquele que vem de Paulo Lopes. Quando nós estávamos na praia, ouvimos a Baleia dar um grito. E nós pescamos a tarde, voltamos na madrugada e ela continuava a berrar. Então fomos descobrir no outro dia que ela foi arpoada depois de morrer e aqueles berros eram a procura do filho que ela tinha perdido. Então era uma coisa triste, difícil de assistir”.

Comentou, inclusive, sobre as Armações Baleeiras que se formaram na região há alguns séculos e foram responsáveis pela aquisição de boa parte dos subsídios dos pescadores. A Armação Baleeira de São Joaquim de Garopaba apadrinhou, portanto, o nome da Igreja Matriz, no morro que dá acesso a Vigia, aonde Quirino Juvêncio vive.
  
Aos quinze anos buscou outros mares para nadar. Mudou-se para Florianópolis, aonde cursou o restante do ensino fundamental e o equivalente ao atual ensino médio. Ao retornar em 1966, inicialmente à visita, deparou-se com a turbulência da emancipação de Garopaba, “com João Orestes de Araújo de Prefeito, aquele da Avenida Principal”, acentua.
  
Pontuar todos os administradores que a cidade já teve é uma tarefa que o faz salivar. Mas o membro executivo que o traz mais recordações é Adílio Inácio de Abreu, quarto prefeito, eleito em 1977. E foi a partir da campanha que o elegeu quando os primeiros “sintomas” de interesse pela política surgiram. “Eu não me interessava pela política, mas eu era muito amigo do Adílio. Quando ele quis ser prefeito, nós fomos fazer títulos, que era uma dificuldade para fazer tremenda”.

Para o eleitor adquirir o título existia enorme burocracia, na época. Eles, no entanto, enfrentaram, a ponto de “qualificamos tantos títulos que a urna 105 em Garopaba foi quase toda por nós. A 106 no Macacu a mesma coisa. E a 107 no Siriú também foi feita por nós”, acrescenta.

Esta estratégia que, inicialmente, tinha o intuito de gerar maior número de votantes foi o fator fundamental para eleger Adílio. “Quando apuraram estas três urnas houve uma reviravolta e ele ganhou com 36 votos, na última horinha”, lembra.

A vitória do amigo o estimulou a integrar a política garopabense e “aí eu comecei a brincar de política, né?”. A primeira campanha que Lopes disputou foi posterior a gestão de Adílio, já na década de 80. Nesta, entretanto, perdeu para o ex-executivo Batista Pacheco. “Quando eu perdi a eleição não quis mais concorrer. Mas nas últimas eu decidi: Vamos! Foi quando apareceu o PFL. Em 1987 eu me filiei no partido”, hoje Democratas ao qual mantém fidelidade.

Foi neste ano que Quirino Juvêncio Lopes se elegeu pela primeira vez Prefeito de Garopaba. Na corrida posterior, cedeu a oportunidade ao colega partidário Ari Osvaldo Sanseverino, o popular “Vadinho”, tendo por vice o sobrinho de Adílio Inácio, Libertino Quirino de Abreu. “Depois eu retornei e tive mais dois mandatos. Eu tive três mandatos e um do Vadinho. Então o Democratas tem quatro mandatos”.

Viver no meio da política garopabense, sem dúvidas foi prazeroso ao renomado Quirino Juvêncio Lopes. “O meu princípio era respeitar os meus adversários. Respeito acima de tudo! Eu nunca critiquei os meus adversários. Naquela época era bastante sadia (a política)”, salienta.

Embora não esteja mais envolvido diretamente, suas raízes seguiram o mesmo caminho. O filho Julião Lopes, também filiado ao DEM, é suplente do partido para Vereador. Recentemente ocupou o cargo de 2º Secretário na Câmara quando teve a oportunidade de realizar algumas ações pelo município.
  
E hoje a política de Garopaba é representada da seguinte maneira:
Poder Executivo:
Prefeito: Luiz Carlos Luiz (Luiz Nestor) - PMDB
Vice: Ildo da Silva Lobo Filho (Ildinho) - DEM

Poder Legislativo:
Presidente: Paulo Sérgio de Araújo – PSD
Rogério Linhares - PMDB
Mauro Santos do Nascimento - PSD
Luiz Bernardo – PMDB
Gilmar dos Santos Ferreira – PMDB
Targino Henrique de Souza - PP
Jakson da Silva Silveira – PP
Jucélio de Souza Clementino – PP
Mamede Pereira Pacheco da Silva - PP
    

Trabalho elaborado pela acadêmica do 4º semestre de Jornalismo, Heloiza Abreu da Silva, da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, campus Tubarão.

Publicado na edição 184 do Jornal da Praia Garopaba

Um comentário:

  1. Um representante da cidade que merece todo respeito e honrarias. Saudade dos tempos que Garopaba era Governada por ele!

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