sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A menina do grupo de teatro

Jandira Bezerra Lima, 83, foi uma das integrantes da Companhia de Teatro Nhana, que chegou a Garopaba em 1978.

Foto: Heloiza Abreu.


Quase oitenta cidades visitadas dos 20 aos 48 anos. Muita encenação acompanhada e vivenciada por trás das cortinas. Jandira Bezerra Lima, hoje aos 83 anos, foi uma das profissionais que integraram a Companhia de Teatro Nhana. E tudo começou no dia 20 de agosto de 1950, data que a memória da paulista de Itapeva trata de não esquecer.

Jandira nasceu no dia 07 de março de 1930. Morou em Itararé dos doze aos vinte anos. E teve a oportunidade de estudar apenas dois anos e cinco meses. Ela trabalhou durante dois anos como secretária de escritório de advocacia e, durante os momentos de folga, participava dos programas de auditório na rádio ao lado do então emprego. Nestas participações, colaborou, entre outras coisas, com a declamação de poesias.

Órfã de mãe desde os 10 anos, a garota resolveu entrar na companhia quando o grupo visitou a então cidade onde ela vivia, Itararé. Na companhia, Jandira pouco interpretou. As principais atividades da moça eram nos bastidores, auxiliando o elenco.

- Eu estava com vinte anos. Nunca quis trabalhar com trapézio e estas coisas. Eu queria era falar bonito e interpretar, porque sempre admirei a arte e a poesia – destacou.

Os colegas da companhia

Uma das importantes colegas de Jandira na jornada da Companhia de Teatro Nhana foi Abigail de Camargo, mais conhecida em Garopaba como vovó Biga. E para a colega dos tempos de trabalho e amiga de uma vida, Jandira só arranca elogios.

- Nós não tivemos na companhia alguém que trabalhasse e interpretasse tão bem quanto a Biga. Ela tem, por exemplo, um choro que invade – lembrou Jandira.

O casamento e a família

Jandira se casou aos 35 anos, quinze anos depois de entrar na companhia. E como não poderia ser diferente, o matrimônio foi estabelecido com um funcionário do grupo. Alfredo de Bezerra Lima, cearense, casou-se com a moça quando ele tinha 54 anos. A união surgiu ao acaso. E contradiz, principalmente, a teoria de que a mulher não pode ter a iniciativa num relacionamento.

- Ele me dava sinais que gostava de mim. Aí eu propus o casamento – lembrou Jandira com um sorriso discreto.

O casamento aconteceu às dez horas da manhã do dia 31 de março de 1965, em um cartório da cidade de Joinville. Juntos o casal teve um filho, Francisco José de Jesus Bezerra Lima. E criaram o pequeno Jorge Luiz Chaves, adotado anos antes por Jandira, aos dois dias de vida.

A chegada e permanência em Garopaba

A companhia chegou a Garopaba no dia 12 de junho de 1978. E na mesma semana, Jandira se recorda que todos os integrantes vieram morar na então vila de pescadores que estava começando a ser desbravada pelos gaúchos. E no dia 04 de setembro do mesmo ano, ela e a família resolveram se desligar da companhia.

- Quando eu disse “Vamos parar, meu velho?” ele me perguntou “E viver de quê?” – comentou.

Então o casal montou uma pastelaria em Garopaba que se chamava Bom Jesus e ficava situada no Centro Histórico, local onde havia maior concentração de pessoas na época. Quatro anos depois resolveram encerrar as atividades. E Jandira trabalhou no restaurante Rancho da Vovó que funcionava da cidade. E poucos anos depois obteve a sua aposentadoria.

A vida atual

O esposo de Jandira, Alfredo, faleceu aos 85 anos. E a jovem senhora com memória minuciosa permanece vivendo na cidade litorânea escolhida pelo coração como terra para estabelecer o restante da vida.

As peças que escreveu

Jandira é autora de duas peças de teatro. A primeira foi em homenagem a São Francisco de Assis, para a inauguração da Igreja que leva este nome e fica na comunidade de Areias de Macacu. A segunda, por sua vez, foi O Milagre da Páscoa, utilizada durante uma das celebrações da Paixão de Cristo.

Lembrança e gratidão

Jandira viveu durante praticamente toda a juventude com o grupo. E tem orgulho do trabalho que executou e do período em que permaneceu com a equipe.

- O que me orgulha mesmo é ter ficado 28 anos na mesma companhia e parar numa cidade que graças a Deus nada me falta. Eu vivi a minha juventude com o grupo e aprendi muito. Tive muitos momentos bons e ruins, mas fui feliz. Todo pé de rosa não tem só flores, também tem espinhos, e é lindo – finalizou Jandira.


Heloiza Abreu
Matéria publicada na edição 266 do Jornal da Praia Garopaba. 

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