Jandira Bezerra Lima, 83, foi uma das integrantes da Companhia de
Teatro Nhana, que chegou a Garopaba em 1978.
Foto: Heloiza Abreu. |
Quase oitenta cidades visitadas
dos 20 aos 48 anos. Muita encenação acompanhada e vivenciada por trás das
cortinas. Jandira Bezerra Lima, hoje aos 83 anos, foi uma das profissionais que
integraram a Companhia de Teatro Nhana. E tudo começou no dia 20 de agosto de
1950, data que a memória da paulista de Itapeva trata de não esquecer.
Jandira nasceu no dia 07 de março
de 1930. Morou em Itararé dos doze aos vinte anos. E teve a oportunidade de
estudar apenas dois anos e cinco meses. Ela trabalhou durante dois anos como
secretária de escritório de advocacia e, durante os momentos de folga,
participava dos programas de auditório na rádio ao lado do então emprego.
Nestas participações, colaborou, entre outras coisas, com a declamação de
poesias.
Órfã de mãe desde os 10 anos, a
garota resolveu entrar na companhia quando o grupo visitou a então cidade onde ela
vivia, Itararé. Na companhia, Jandira pouco interpretou. As principais
atividades da moça eram nos bastidores, auxiliando o elenco.
- Eu estava com vinte anos. Nunca
quis trabalhar com trapézio e estas coisas. Eu queria era falar bonito e
interpretar, porque sempre admirei a arte e a poesia – destacou.
Os colegas da companhia
Uma das importantes colegas de
Jandira na jornada da Companhia de Teatro Nhana foi Abigail de Camargo, mais
conhecida em Garopaba como vovó Biga. E para a colega dos tempos de trabalho e
amiga de uma vida, Jandira só arranca elogios.
- Nós não tivemos na companhia
alguém que trabalhasse e interpretasse tão bem quanto a Biga. Ela tem, por
exemplo, um choro que invade – lembrou Jandira.
O casamento e a família
Jandira se casou aos 35 anos,
quinze anos depois de entrar na companhia. E como não poderia ser diferente, o
matrimônio foi estabelecido com um funcionário do grupo. Alfredo de Bezerra
Lima, cearense, casou-se com a moça quando ele tinha 54 anos. A união surgiu ao
acaso. E contradiz, principalmente, a teoria de que a mulher não pode ter a
iniciativa num relacionamento.
- Ele me dava sinais que gostava
de mim. Aí eu propus o casamento – lembrou Jandira com um sorriso discreto.
O casamento aconteceu às dez
horas da manhã do dia 31 de março de 1965, em um cartório da cidade de
Joinville. Juntos o casal teve um filho, Francisco José de Jesus Bezerra Lima.
E criaram o pequeno Jorge Luiz Chaves, adotado anos antes por Jandira, aos dois
dias de vida.
A chegada e permanência em Garopaba
A companhia chegou a Garopaba no
dia 12 de junho de 1978. E na mesma semana, Jandira se recorda que todos os
integrantes vieram morar na então vila de pescadores que estava começando a ser
desbravada pelos gaúchos. E no dia 04 de setembro do mesmo ano, ela e a família
resolveram se desligar da companhia.
- Quando eu disse “Vamos parar,
meu velho?” ele me perguntou “E viver de quê?” – comentou.
Então o casal montou uma
pastelaria em Garopaba que se chamava Bom Jesus e ficava situada no Centro
Histórico, local onde havia maior concentração de pessoas na época. Quatro anos
depois resolveram encerrar as atividades. E Jandira trabalhou no restaurante
Rancho da Vovó que funcionava da cidade. E poucos anos depois obteve a sua
aposentadoria.
A vida atual
O esposo de Jandira, Alfredo,
faleceu aos 85 anos. E a jovem senhora com memória minuciosa permanece vivendo
na cidade litorânea escolhida pelo coração como terra para estabelecer o
restante da vida.
As peças que escreveu
Jandira é autora de duas peças de
teatro. A primeira foi em homenagem a São Francisco de Assis, para a
inauguração da Igreja que leva este nome e fica na comunidade de Areias de
Macacu. A segunda, por sua vez, foi O Milagre da Páscoa, utilizada durante uma
das celebrações da Paixão de Cristo.
Lembrança e gratidão
Jandira viveu durante
praticamente toda a juventude com o grupo. E tem orgulho do trabalho que
executou e do período em que permaneceu com a equipe.
- O que me orgulha mesmo é ter
ficado 28 anos na mesma companhia e parar numa cidade que graças a Deus nada me
falta. Eu vivi a minha juventude com o grupo e aprendi muito. Tive muitos
momentos bons e ruins, mas fui feliz. Todo pé de rosa não tem só flores, também
tem espinhos, e é lindo – finalizou Jandira.
Heloiza Abreu
Matéria publicada na edição 266 do Jornal da Praia Garopaba.
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